segunda-feira, 6 de julho de 2009

Quero sobreviver a tudo isso e ser melhor ainda

O inverno de 1995 foi bem rigoroso. Acho até que nevou em Porto Alegre, embora não confie em minha memória.
Minha vida era a faculdade de direito, estágio no gabinete do prefeito de Porto Alegre e festas, de preferência no Vale dos Sinos.
Já estava nessa rotina havia anos e não tinha a menor ideia de mudar. Não procurava ninguém e era feliz assim.
Pois foi justamente assim que, pela segunda vez na vida, eu pensei: é Ela. Como sempre, meu pressentimento estava certo. Ficamos 13 anos juntos, tivemos um filho maravilhoso, hoje com seis anos, moramos juntos e separados, na mesma cidade e em cidades diferentes, cidades contíguas e cidades distantes, bons e maus momentos financeiros, emocionais e profissionais. Nunca tivemos uma briga, dessas que se fica um ou mais dias dizendo "acabou", nunca tinhamos ficado sequer um minuto "separados". As pessoas não acreditavam (e ainda não acreditam) nisso, mas a única vez que brigamos nos separou para sempre. E lá se vão 15 meses.
Qual o sentido dessa catarse? Bom, espero me purificar dos últimos episódios dessa história que de bonita ficou apenas uma criança linda, inteligente e maravilhosa.
Fui ao cinema na semana passada, a convite de uma amiga, e logo nas primeiras cenas o diálogo dos personagens mostrou o quanto é complicado um relacionamento.
O personagem principal, um controlador de tráfego vivido por Selton Mello, é um dedicado marido que só enxerga uma mulher na vida, a esposa. Pois um belo dia ele chega em casa, como sempre, cheio de amor pra dar e a linda esposa o espera de malas prontas para ir embora com outro (ela está inclusive grávida deste outro). Então ele pergunta: o que foi que eu fiz de errado? A resposta: nada. Exatamente aí que está o problema, conclui a moça. "Uma mulher, pra ser feliz, não pode ser verdadeiramente feliz".
Isso, apesar de ser verdadeiro, ainda é um absurdo pra mim. Mas, infelizmente, é tão verdadeiro, que na mesma hora entendi o modo de vida de várias mulheres que conheço.
É como aqueles desenhos do Tom & Jerry, onde ficam o diabinho e o anjinho tentando persuadir o Tom a tomar a decisão entre ser bom ou ser mal, ser solidário ou ser egoísta. O anjinho diz "ele é bom para você, vai te cuida e te dar carinho" e o diabinho diz "em compensação, não tem emoção, adrenalina nenhuma né". O anjinho diz "seja responsável, se ame em primeiro lugar" e o diabinho diz "vai ficar aí parada? cadê aquela coragem toda da juventude"?
Assim, acho que compreendi mais um pouco da alma feminina.
Sei que posso fazer muito pouco quanto a isso, mas não consigo, ainda, ser esse gerador de grandes emoções, de altos e baixos. Ainda sou aquele amante a moda antiga, do tipo que ainda manda flores, apesar dos novos tempos e da calça xadrez, ainda chamo de querida aquela que seria minha namorada.
Por fim, agora que procuro e quero estar com alguém, sentir de novo aquele "é Ela", descobri que também tenho um diabinho dizendo "que chata essa tua vida, ein". E aí? Mando ele para o inferno ou abraço ele vou junto?

3 comentários:

Jana disse...

os diabos sempre no rondarão, mas tem todas as mulheres deixarão de valorizar os anjos. Todo ser humano é dualidade, mas quem tem cérebro sempre decide pelo lado certo. amar é não desistir!

Unknown disse...

Não sabia que tinha eu aqui!!!!
Agora tens que contar os últimos episódios.
Reestabelecemos a paz e finalmente conseguimos fazer o nosso "streaptease".
Acho que ganhei, no ménimo, um amigo!!!
Adoro tu, sempre adorei, mas a falta de "nudez" me cegou e fez com que os últimos 2 anos fossem infernais entre nós.
Tirei o tapa olhos!!!
Que tal fazer o mesmo????
bjos

ℳôηicα disse...

Ai! Vou ter que comentar citando trechos... lá vai!

"Então ele pergunta: o que foi que eu fiz de errado? A resposta: nada. Exatamente aí que está o problema, conclui a moça."
"Uma mulher, pra ser feliz, não pode ser verdadeiramente feliz".

-> Bom, não sei qual o tipo de mulher que considera tamanha discrepância de pensamentos, sentimentos... sei que, ainda mais pelo que se segue em tuas palavras, existem, sim, tais mulheres. Porém eu DISCORDO plenamente.
Isso é irracional! Não tem lógica!
Me diz..Qual Ser que queira ter uma vida plena, amando e sendo amada, iria desejar "meia felicidade"?!?!?! NÃO HÁ!!!
Quando o sentimento é VERDADEIRO, não há! Nunca me doei pela metade, nunca fiz ninguém feliz pela metade... logo, não almejo isso para mim.
Se há essas mentes insanas e desorientadas, desejo que descubram o verdadeiro significado do amor. Ei-lo aqui, em algum lugar deste blog (Sobre o Amor)!

"Isso, apesar de ser verdadeiro, ainda é um absurdo pra mim. Mas, infelizmente, é tão verdadeiro, que na mesma hora entendi o modo de vida de várias mulheres que conheço."

-> Disse bem: das que conhece.

"Por fim, agora que procuro e quero estar com alguém, sentir de novo aquele "é Ela", descobri que também tenho um diabinho dizendo "que chata essa tua vida, ein". E aí? Mando ele para o inferno ou abraço ele vou junto? "

-> MANDE PRO INFERNO!!! SEM DIREITO À VOLTA! ;) (ponto)

S2 Adorável.